Quanto Tempo Leva Para se Tornar Analista? A Pergunta Que Insiste em Voltar
Quanto tempo leva para alguém se tornar analista? A psicanálise não oferece garantias: a análise não tem fim — o que termina é o encontro com o analista. O tempo do percurso é o tempo do sujeito. Só quando o analisante “dá baixa” é que podemos dizer que nasce um analista.
12/1/20252 min read
Quanto Tempo Leva Para se Tornar Analista? A Pergunta Que Insiste em Voltar
Toda vez que alguém se interessa por psicanálise, a mesma pergunta aparece:
“Quanto tempo precisa para ser um analista?”
A ansiedade por uma resposta objetiva é compreensível. O problema é que, quando falamos de análise, objetividade demais costuma ser um atalho para o erro.
Freud já advertia isso quando escreveu Análise terminável e interminável. Ali, ele desmonta a ideia de que exista um “tempo ideal”, um cronograma universal, ou um número mágico de anos capaz de transformar alguém em analista. Não há. E não haverá.
A Análise Não Tem Fim — O Que Tem Fim é o Encontro com o Analista
A análise, enquanto experiência subjetiva, não termina. O que termina é o ritual dos encontros com o analista.
Esses encontros — semanais, longos, cansativos, por vezes devastadores — têm um limite.
A análise, não.
Dizer que a análise é interminável não é romantizar sofrimento. É reconhecer algo simples:
o inconsciente não fecha expediente.
Quem procura uma resposta objetiva para “quanto tempo leva” está, geralmente, procurando uma garantia. E a psicanálise não trabalha com garantias. Trabalha com o sujeito.
Pode Levar 7 Anos. Pode Levar 21.
O tempo necessário para que alguém atravesse os pontos essenciais da própria análise depende… dele mesmo.
Depende do que ele suporta.
Depende do que ele recusa.
Depende do que ele insiste em repetir.
Depende do que ele deseja finalmente largar.
É comum ver trajetórias de sete anos. É comum ver trajetórias de vinte e um.
O escândalo é o mesmo: o tempo não se negocia, porque o tempo da análise é o tempo do sujeito.
Quem Dá Alta? Ninguém.
Aqui é onde Lacan desmonta de vez a fantasia médica aplicada à psicanálise.
O analista não dá alta.
O analisante é quem dá baixa.
Isso parece apenas um jogo de palavras, mas não é.
Quando o analisante dá baixa, não é porque “melhorou”.
É porque algo do seu modo de se implicar com o inconsciente foi atravessado — o suficiente para produzir uma posição ética nova. Uma posição capaz de sustentar o ato analítico, caso essa pessoa venha a se tornar analista.
É esse ato — e não o diploma, e não os cursos, e não o tempo de divã — que marca o ponto de virada.
O Nascimento do Analista
Só depois que o analisante dá baixa é que podemos dizer:
“Agora, à tua frente, está um analista.”
Não antes.
Não porque alguém autorizou de fora.
Mas porque a própria análise produziu esse lugar.
O tempo para isso?
Você já entendeu: não há resposta.
Conclusão
Quem pergunta “quanto tempo leva para se tornar analista?” está procurando uma previsão.
A psicanálise responde com uma posição ética:
o tempo é o do sujeito — e nenhum outro.
A análise não termina.
O que termina é o encontro.
E é nesse fim que, para alguns, nasce o analista.

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