Por que sem análise não existe analista?
A formação do analista sempre foi um ponto de tensão dentro da psicanálise. Não se trata apenas de estudar teoria, dominar conceitos ou ler centenas de livros. A formação analítica exige algo que não pode ser adquirido por fora: o atravessamento subjetivo que só a experiência de análise produz. Neste post, retomamos essa questão a partir da fala de Beethoven Hortencio e Aline Dainez, que discutem o lugar da análise pessoal na constituição do analista.
12/5/20251 min read
análise como lugar de deslocamento
Ao longo de uma análise, o sujeito ocupa posições que não aparecem em nenhum outro espaço. Não se trata de se “conhecer melhor”, mas de experimentar deslocamentos que alteram a relação com o próprio desejo.
É comum que algo mude de sentido. Coisas que antes sustentavam sofrimento — às vezes por anos — simplesmente deixam de ter o peso que tinham. É essa queda de sentido que abre espaço para novas formas de existir, falar e escutar.
Nenhuma leitura, por mais profunda que seja, produz esse efeito no mesmo tempo. Livros deslocam, sim. Arte desloca. A vida desloca. Mas a operação da análise é específica: ela encurta caminhos, desmonta amarrações inconscientes e produz um saber que o sujeito não tinha sobre si.
A travessia necessária do analista
A pergunta “por que sem análise não tem analista?” não é teórica — é estrutural. O analista só pode sustentar a transferência e operar cortes na fala do analisando porque passou por isso. Porque foi tocado por esse movimento. Porque experimentou, na própria carne, o que significa perder sentidos e deslocar posições.
É essa experiência que permite reconhecer, no outro, o mesmo atravessamento. É isso que afina a escuta e sustenta a ética do desejo.
Por que isso importa para a formação?
A formação analítica não é uma soma de etapas. É uma experiência.
É uma travessia.
Sem análise, o analista corre o risco de transformar a clínica em opinião, moral ou técnica. Com análise, o que sustenta a prática é a ética: a posição de não saber, de escutar, de abrir espaço para que o sujeito apareça.
Por isso, onde não houve atravessamento, não há analista — apenas alguém informado sobre psicanálise.
Quem são os autores deste debate?
Beethoven Hortencio
Psicólogo, psicanalista, pesquisador e professor. Graduado e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutor em Ciências, na área de Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano, pela Universidade de São Paulo (USP).
Aline Dainez
Psicanalista e pesquisadora. Graduada e Mestra em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).

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