O que realmente vale a pena? Uma reflexão psicanalítica sobre os valores contemporâneos
Uma reflexão psicanalítica sobre os valores que sustentam a vida. Por que buscamos sucesso e riqueza enquanto ignoramos o que realmente importa? Freud já apontava esse mal-estar.
BRUNO MORAESJACQUES LACANSIGMUND FREUDPSICANALISEPSICOLOGIA
Bruno Moraes
6/4/20252 min read


Vivemos em um tempo em que o sucesso é frequentemente medido por indicadores externos: números, bens, status. O ideal de uma "vida bem-sucedida" parece estar cada vez mais associado a conquistas materiais, visibilidade nas redes sociais e validação externa. No entanto, como já advertia Freud em O mal-estar na civilização, “é impossível escapar à impressão de que os seres humanos geralmente empregam critérios equivocados, de que ambicionam poder, sucesso e riqueza para si mesmos e os admiram nos outros, enquanto menosprezam os verdadeiros valores da vida.”
Essa constatação, feita há mais de um século, continua atual. A psicanálise nos convida a desconfiar dessas ideias prontas sobre o que é viver bem. O mal-estar que atravessa a experiência humana — e que não desaparece mesmo diante do sucesso — é justamente o que revela que algo escapa a esses ideais de felicidade.
A busca por reconhecimento e o vazio que permanece
A sociedade nos oferece modelos de sucesso que prometem satisfação: alcançar uma posição, conquistar determinados bens, ser reconhecido publicamente. Porém, mesmo quando esses objetivos são atingidos, muitos se deparam com uma sensação persistente de vazio. Por quê?
Para a psicanálise, isso acontece porque o desejo humano não se sustenta em objetos prontos. Há sempre algo que falta, algo que não se completa — e é isso que nos move. Quando buscamos preencher esse vazio com metas impostas de fora, o mal-estar tende a retornar, muitas vezes de forma ainda mais intensa.
Os “verdadeiros valores da vida”
Mas afinal, o que seriam esses "verdadeiros valores" mencionados por Freud? A psicanálise não oferece uma lista ou uma fórmula, mas nos convida a escutar aquilo que é singular em cada sujeito. Os valores não são universais nem fixos. Cada um, em sua história, descobre o que pode sustentar sua existência de modo mais autêntico, mesmo que isso vá contra os ideais sociais estabelecidos.
Pode ser um trabalho vivido com sentido, uma relação em que se possa falar e ser escutado, o tempo dedicado à criação, à escuta de si, ou mesmo o reconhecimento do que nos faz sofrer. Não se trata de um caminho de perfeição, mas de uma possibilidade de viver menos alienado do próprio desejo.
Escutar para além das aparências
No consultório, muitas vezes escutamos sujeitos que “têm tudo para estar bem” segundo os padrões sociais — mas que ainda assim se sentem perdidos. A psicanálise não oferece promessas de felicidade, mas um espaço onde o sujeito pode falar, se implicar e, quem sabe, construir um modo mais próprio de existir.
Em tempos de excesso de imagens, discursos motivacionais e promessas fáceis, talvez seja revolucionário parar e perguntar: o que eu realmente desejo? O que, de fato, tem valor para mim?
Psicanálise Santos/SP
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